sábado, 9 de maio de 2009

Sexualidade Infantil

Excelente artigo que retrata muito bem todos os aspectos do desenvolvimento da sexualidade infantil. Porque a criança é muito curiosa, ás vezes nem sempre é facil responder a questões, explicar o que à partida é facil ou estar atenta aos seus sinais. É preciso dar importancia desde muito cedo a estes aspectos para que a criança se desenvolva da melhor forma e sem qualquer tipo de duvida.

O desenvolvimento da sexualidade infantil

O desenvolvimento da sexualidade infantil provoca dúvidas e receios nos pais. É importante saber o que é normal e o que representa um sinal de alarme.
Sexo e género, sexualidade, orientação sexual, meninos e meninas, pilinhas e pipis... porque vivemos num mundo ainda com muitos mitos, tabus e receios, e também porque há que estabelecer uma clara fronteira entre o que é íntimo e privado e o que é partilhado e público.

DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE GÉNERO

À medida que as crianças crescem apercebem-se de que algumas pessoas são homens e as outras mulheres. E que há meninos e meninas. A identificação começa com o estudo do seu próprio corpo e com a comparação com os outros, reconhecendo dois tipos anatómicos diferentes. Nelas, nos pais e irmãos, e nas pessoas em geral. A determinada altura começam a usar com mais propriedade o masculino e o feminino, sendo corrigidos quando erram, e melhor percebendo que há diferenças, entre o gato e a gata, entre o primo e a prima, embora se surpreendam um pouco porque é que existe uma cadeira e não um cadeiro, um piano e não uma piana, ou porque é que a companheira do sol se chama lua e que a «mulher» do cavalo não seja a cavala. Mesmo com estas confusões e ambiguidades, há uma progressiva compreensão do mundo em duas versões, e aos dois anos e picos já gozam com as situações: «Tenho aqui um pipi.... Ah, ah, ah. É pilinha. Pipi têm as meninas». A diferenciação por género é uma das primeiras categorizações que as crianças fazem e que dividirá o mundo em múltiplas classes e conjuntos, passando pelas formas, cores ou tamanhos.

EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE GÉNERO

Cada criança é uma criança diferente, mas podemos considerar, de forma global, o seguinte:

7 meses – os bebés conseguem diferenciar bem a voz das mulheres e dos homens (não misturar com a voz do pai e a voz da mãe, estamos a falar da diferenciação de timbres associados ao género);

12 meses – a criança consegue atribuir a noção de género à cara das pessoas e treinam isso com os pais, demorando-se a olhar para eles. Se ouvirem uma mulher ou um homem a falar, num grupo, irão procurar uma cara de mulher ou de um homem para perceber quem está realmente a falar;

2 anos – as crianças começam a usar o género nas brincadeiras e no jogo. Começa a haver alguma predilecção pelos jogos «de rapariga» ou «de rapaz», não apenas pelo que já foi induzido, explícita ou implicitamente pelos pais e adultos, mas também por alguma noção intrínseca dos respectivos papéis (e que é algo que mora nos nossos genes e na nossa memória antropológica), e pela imitação dos adultos (que têm papéis e representações claramente diferentes);

2-3 anos – a chamada «identidade de género» está definida. Nesta idade, as crianças já sabem que são meninos ou meninas e riem-se se lhes dizemos o contrário, com base sobretudo na anatomia dos seus órgãos genitais;

3-4 anos – começa a categorização do mundo. E não apenas no «género» dos objectos, mas na associação do género entre eles (e os seus pares) e os objectos – os carrinhos para eles, as bonecas para elas;

4-5 anos – há uma compreensão mais vasta das coisas. Pôr maquilhagens será visto como «feminino», mudar uma lâmpada será entendido como «masculino». E daí alguma perplexidade se o pai põe um avental ou se a mãe levanta pesos.

OS MODELOS DE INFORMAÇÃO E APRENDIZAGEM


São múltiplos os factores que fazem uma criança, entre os um e os cinco anos, definirem a questão do seu género e dos géneros das pessoas e das coisas, designadamente:

Modelo dos pais – desde as relações interpessoais em casa até ao sistema de recompensas: será errado um pai elogiar a filha que trouxe uma flor para a mãe e criticar o rapaz que fez o mesmo;

Observar as crianças – ver como brincam e procurar entender o como e o porquê do que fazem. Brincar às casas é normal. Um rapaz arranjar o berço para o boneco também. O desenvolvimento das competências é essencial nestas idades e faz-se através da fantasia e do jogo prático com bonecos. É essencial não emitir juízos de valor sobre o papel dos géneros, estilo «ah, isso é coisa para mulheres» ou «um homem não chora»;

Viver só com um progenitor - se uma criança vive predominantemente só com um dos pais, é mais complicado, por vezes, perceber a definição de géneros, porque o progenitor com quem está desempenha os dois papéis: maternal e paternal, ou seja, feminino e masculino;

Tarefas definidas - As tarefas a que se vão habituando as crianças em casa não podem ser definidas: «O João vai levar o lixo e a Ana vai lavar a loiça». Umas vezes um, outras vezes outro, a menos que haja negociação e um entendimento entre eles; não se deve pois classificar as tarefas domésticas, profissões, desportos e outras actividades como «de macho» ou de «de fêmea», ou pelo menos com base no género (na força ou nos talentos já poderá ser diferente);

Os irmãos - desempenham um papel fulcral e pode haver tendência à imitação, independentemente do género, porque para a criança são ídolos. E os comentários dos irmãos são importantes: «olha, com essa camisola cor-de-rosa pareces uma menina» – escusado será dizer que aquela criança nunca mais usará roupa daquela cor;

Os avós - nascidos noutra época, têm os estereótipos mais implantados e recusá-los seria rever toda uma vida em que se desempenharam papéis bem definidos. Daí reportarem para a criança a sua própria censura interna.;

No jardim de infância - a partir dos cinco anos, começa a haver algum espírito de género: eles e elas. Eles são uns «parvos» e elas são umas «estúpidas», uma amostra do que acontecerá mais tarde, com picos no 1º ciclo e depois aos 12-14 anos;

Censura do grupo de pares - tem uma força enorme, e até pode explicar certas reacções – principalmente à roupa, corte de cabelo, etc –, que para os pais permanecem inexplicáveis;

Por último, não esquecer que os meios de comunicação, designadamente nos anúncios, veiculam uma clara noção de estereótipos, também ao nível do género – a rapariga do vermute não é o rapaz do vermute, o rapaz da cerveja não é a rapariga da cerveja. Perfumes? Elas. Carros? Eles. Isso também é visível nos desenhos animados.

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