sábado, 17 de outubro de 2009

Dia Europeu da Depressão

Hoje é o dia Europeu da Depressão. Um problema que afecta não só os mais velhos como também as crianças. Mas como é vista a depressão nas crianças? Bem, digamos que a infância não é um período assim tão tranquilo como se pensava antigamente e como futuros auxiliares de infância devemos estar muito atentos a todos os sinais.

"" Depressão infantil

A depressão na criança foi, durante muito tempo, ignorada. A ideia da infância como um período tranquilo, protegido de todas as preocupações, contribuiu para que, durante muito tempo, não se pusesse sequer em causa que poderia existir sofrimento psicológico durante a infância.

Contudo, os especialistas têm alertado para a existência e gravidade da depressão infantil. Nem todas as crianças são felizes e despreocupadas!

A depressão infantil ocorre, em 20% dos casos, na faixa etária entre 9 e 17 anos e, normalmente, é causada por dificuldades de relacionamento com elementos da própria família, da escola ou de outros locais que frequentam. Por ser classificada como uma síndroma, a doença caracteriza-se por vários sintomas que se manifestam diariamente.

A sintomatologia depressiva na criança é muito diferente da do adulto e é de difícil reconhecimento, uma vez que pode assumir diversas formas. Normalmente, a depressão infantil resulta de uma perda, podendo esta perda ser real (por exemplo, a morte de um dos pais) ou simbólica (por exemplo, quando os pais estão fisicamente presentes, mas não o estão emocionalmente).

Também pode acontecer que as adaptações psicológicas normais no desenvolvimento se tornem demasiado difíceis para a criança, constituindo-se como um factor de risco para a depressão. Se as etapas do desenvolvimento, por serem mais complicadas para a criança, podem dar lugar a reacções depressivas, a depressão, por seu turno, aparece como um entrave ao desenvolvimento intelectual, afectivo e mesmo físico da criança.

Sintomas

A tristeza - uma criança triste não é obrigatoriamente uma criança deprimida.
A tristeza é um sentimento normal, comum a todas as crianças em diferentes momentos da sua vida. No entanto, se a duração da tristeza se prolongar, ela poderá ter um carácter patológico e os pais devem ficar alerta para a existência de outros sintomas reveladores da depressão.
Todavia, muitas vezes, a tristeza da criança não é facilmente detectável, pois ela não a exprime (nem o pode fazer) de uma forma directa como um adulto. Ela revela a tristeza através de um olhar ausente, de um rosto sério, de um choro fácil ou da auto-depreciação.
Os pais devem conhecer e estar alerta para todos os sinais que os filhos lhes possam transmitir, por mais subtis que sejam, procurando a ajuda de um psicólogo se tiverem qualquer suspeita.

Perturbações psicossomáticas - incluem-se neste grupo de sintomas, dores sem uma explicação física, dificuldades respiratórias, eczemas ou alergias da pele, infecções gerais, vómitos, tonturas, entre outras.
No entanto, é sempre necessário eliminar a possibilidade de uma verdadeira doença física, o que não invalida a possibilidade de existência de uma depressão, pois a criança pode estar doente e deprimida ao mesmo tempo.

Regressão - presencia-se sobretudo nas crianças mais novas.
A criança assume comportamentos que já havia ultrapassado e que são desadequados à sua idade, voltando a agarrar-se demasiado à mãe na presença de estranhos, falando de forma "abebezada", voltando a fazer chichi na cama, ou voltando a ter brincadeiras que já não tinha e a utilizar brinquedos que já não lhe despertavam interesse.

Comportamentos estranhos, de isolamento e/ou agressivos - quanto mais velha é a criança mais a sua tristeza é exprimida através de comportamentos ou mesmo de palavras.
As dificuldades escolares e de concentração, a falta de confiança em si própria, os sentimentos de inferioridade e o isolamento ocupam um lugar fulcral na manifestação da angústia que vive.
Outro sintoma é a perda de interesse e de prazer em actividades de que anteriormente gostava. Pode também aparecer um medo exagerado, intenso e duradouro de algo, de alguém, ou mesmo de que algo de mal poderá acontecer a qualquer momento.
Este medo pode centrar-se na escola, revelando-se numa fobia escolar. A criança deprimida pode ainda adoptar comportamentos de instabilidade - passando de actividade em actividade sem conseguir manter a atenção - e de agressividade, através de atitudes incorrectas em relação às outras crianças e/ou aos adultos.
Poderá também adoptar rituais de actividades repetitivas e obsessivas.

Alterações no sono e na alimentação - a criança pode perder o apetite ou, pelo contrário, surgir um aumento da tomada de alimentos.
A criança pode ter dificuldades em adormecer, ter pesadelos (acorda repentinamente a meio da noite a gritar e a chorar, sem que os pais a consigam acalmar e no dia seguinte não se recorda do episódio) e/ou sonambulismo (de que também não se recorda posteriormente).
Estas perturbações incorrem numa fadiga diurna, que prejudica o seu rendimento escolar e a impede de permanecer atenta. No entanto, a criança pode também dormir demais, tendo dificuldades em acordar e em se levantar de manhã.

Depressão dos pais - quando um dos pais está deprimido, é raro que a criança não sofra as consequências.
A depressão dos pais pode ser ocasionada por inúmeros factores, mas a que mais evidência tem na depressão da criança é a depressão pós-parto da mãe. Esta depressão impede a mãe de cuidar e estimular o seu filho correctamente, de interagir com ele e de estar disponível para estabelecer com ele uma relação vinculativa.
O seu estado impede-a de desempenhar correctamente o seu papel de mãe, privando, assim, a criança de estabelecer os seus pontos de referência e os seus ritmos normais, podendo instalar-se nela a angústia depressiva.
Nestes casos, o tratamento da depressão na criança deve ser acompanhado pelo tratamento da depressão da mãe.
Os bebés deprimidos apresentam alguma inércia. Alguns podem ter um atraso nas etapas essenciais do seu desenvolvimento: no sentar e no andar, em se alimentar, chegando alguns a sofrer de desnutrição, sem que se encontre uma causa física ou orgânica. Podem ainda, permanecer inconsoláveis e chorar sem parar.
Do ponto de vista da interacção, são bebés muito "pobres". Não olham nos olhos, não se riem e atrasam-se nas vocalizações antes da fala.

Manifestações simples que se podem tornar em sinais - as histórias que as crianças nos contam podem indiciar sinais de grande avidez, de insaciedade, como por exemplo: "a história da menina que estava a brincar quando a mãe a chamou para almoçar, mas a comida era peixe e a menina ficou muito triste; a menina ficou triste porque queria carne, só que o peixe até lhe soube bem, tão bem que a menina queria mais, mas não havia mais peixe".
Esta história revela sinais de decepção e de insaciedade na criança, sinais esses que devem ser valorizados pelos pais e pelos educadores, pois podem conduzir a um diagnóstico precoce.
Os desenhos que as crianças fazem podem ser um outro sinal, por exemplo: um menino que desenha uma flor no meio do deserto mostra sinais de um grande isolamento e de uma grande tristeza; outro menino que desenha uma bola e lhe dá um pontapé que a fura, revela sinais de esvaziamento e de uma grande fúria e revolta interior.


As sequelas que podem derivar de um não diagnóstico

Se nada alertar os pais, os educadores ou os professores para o facto de a criança precisar de um apoio diferenciado, só por sorte ela não desencadeará nenhum quadro psicopatológico quando se tornar adulta. O mais provável é desenvolver alterações de personalidade que são formas de funcionamento menos saudáveis. No que toca à reacção às adversidades, por exemplo, poderá tornar-se mais susceptível aos problemas do meio exterior e não se conseguir adaptar a novas realidade.

Um quadro depressivo numa criança tem consequências ao nível do aproveitamento escolar. Se numa primeira fase ninguém notava que a criança não aprendia porque estava triste, numa segunda fase ela vai achar que é mesmo incapaz e, provavelmente, nessa segunda fase ela vai ter efectivamente menos competência do que os outros.
É possível que, se um psicólogo lhe fizer um teste, descubra que a criança tem um QI (Coeficiente de Inteligência) mais baixo. Não que ela tivesse desde o início menos competência, mas porque na primeira fase acima referenciada, estava com menos atenção, trabalhava menos em casa e tinha menos vontade de aprender.

Ao primeiro sinal de depressão, os pais devem acarinhar a criança e encaminhá-la para um profissional o mais rápido possível. Na maioria das vezes, o apoio da família e a psicoterapia são suficientes. ""


1 comentários:

Unknown disse...

Não sabia fabinho, obrigada pela informação :P