sábado, 27 de fevereiro de 2010

Crianças são o publico alvo dos piratas.

O meu trabalho de AI, vai basear-se na Pirataria Informática. Poderá existir relação entre as crianças e a pirataria? Claro que sim! Vejam só!

“Olha o cd, olha o dvd. Tenho também jogo de Play 2”, diz o vendedor ambulante, passando de mesa em mesa em um bar na orla da capital, oferecendo com uma das mãos, cds e dvds piratas aos adultos e com a outra, oferece jogos pirateados diretamente às crianças. É assim que a pirataria, considerada atualmente como o crime do século, entra na vida dos jovens, os transformando em consumidores do ato criminoso.

Atualmente, um novo aspecto preocupante pode ser observado quanto à venda de produtos piratas em João Pessoa. Os ‘piratas’ se especializaram na falsificação de jogos de videogames, focando as crianças e adolescentes como consumidores finais. Em frente à uma grande escola particular, localizada na avenida Rui Carneiro, em Tambaú, funciona uma loja especializada em jogos piratas. Sem saber que a conversa estava sendo gravada, o vendedor disse que a loja existe há quatro anos e só vende jogos piratas, ao custo de dez reais cada. Confessou vender para os alunos da escola e disse que o movimento da loja é muito bom, só cai quando os alunos estão em semana de prova. Quanto aos produtos vendidos, não há garantia de qualidade. “O pessoal quer garantia, só que a qualquer momento ele pode parar de funcionar”, disse o vendedor. Quando procurado pela reportagem para prestar alguma declaração, o proprietário alegou não vender nenhum produto pirata em sua loja.

De acordo com André Barcellos, secretário-executivo do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP) do Ministério da Justiça, qualquer atividade ilegal tem efeito pedagógico bastante nocivo. A pirataria é um fenômeno global que afeta e implica riscos aos países. Através de investigações da Polícia Internacional (Interpol), já é provado que a pirataria está diretamente ligada ao narcotráfico como maior fonte de renda, por apresentar alta lucratividade e baixos riscos em relação ao comércio de drogas.

A pirataria arrecada 522 bilhões de dólares por ano, contra 360 bilhões do tráfico de entorpecentes. Como tudo que tem valor econômico é passível de pirataria, os jogos são uma segmentação do setor de cds e dvds falsificados, atingindo diretamente os mais jovens. Por conta da pirataria, o Brasil perde por ano cerca de dois mil postos de trabalhos formais e mais de R$ 30 bilhões em arrecadação.

Hoje, o Conselho tenta combater a pirataria com três frentes de combate: uma vertente repressiva, autuando os criminosos; contenção da demanda, para reduzir a procura dos próprios consumidores e redução tributária, para derrubar o valor dos produtos originais nas prateleiras. Para André Barcellos, é preciso ainda investir em educação contra a pirataria dentro das escolas, pois as crianças e jovens de hoje são os consumidores do futuro. Mas não são só as crianças que devem ser educadas. “O comportamento do cidadão não deve ser julgado somente pela compra de produtos. A sua formação moral vem da educação familiar”, disse o secretário, que é filho de mãe sapeense.

O promotor de Defesa dos Direitos do Consumidor no Estado da Paraíba, Demétrius Castor, viu com surpresa o funcionamento dessas lojas vendendo material pirata. Ele culpa essa venda escancarada em lojas à falta de fiscalização efetiva e permanente e ao próprio consumo, que quanto maior for, maior será a incidência de produtos irregulares. “A procura tende a aumentar a pirataria, gerando um caos”, disse o promotor.

Ele diz ser difícil controlar toda a pirataria, visto que é um mal que afeta vários setores da sociedade e pede mais educação e conscientização popular, pois o produto maléfico sempre vai prejudicar a quem anda dentro da legalidade. Quanto aos proprietários de lojas que vendem produtos piratas, Demétrius foi bem direto: “Estão na iminência de serem presos em flagrante por crime de violação de direito autoral, sob pena de dois a quatro anos de prisão e multa”, afirmou o promotor.

Psicopedagoga: pais devem dar exemplo

Proteger os jovens do crime é o maior desafio dos educadores. Sabendo que a pirataria é crime, existe a preocupação de que as crianças e adolescentes, que banalizam a pirataria comprando os produtos ilícitos, muitas vezes seguindo exemplo dos pais, também banalizem outros crimes no futuro, quando adultos.

Para a psicopedagoga Virgínia Luck, a forma mais eficaz de educar é através do exemplo, pois os filhos se espelham nas atitudes dos pais, como modelos para serem imitados. Se os pais fazem algo errado, as crianças registram com muito mais facilidade o prazer do erro do que a adequação, ou não, do comportamento deles. “Futuramente, basta esses filhos despertarem o que está adormecido dentro deles para externarem atos ilícitos e criminosos, tornando-os banais e prazerosos, para obterem vantagens pessoais, como as encontradas na pirataria”, afirmou Virgínia.

De acordo com ela, é na adolescência onde este processo pode ser mais danoso, pois é uma fase onde o indivíduo está vulnerável e com profundas mudanças comportamentais. É assim que a indústria de jogos piratas vê no público jovem uma oportunidade de negócios, envolvendo o entretenimento deles, computadores e jogos de videogames, onde passam grande parte de seu tempo livre. “A verdadeira prevenção está em formar uma opinião dentro de casa de que o uso desse meio ilegal prejudica os outros. O filho já tem que começar a praticar a cidadania dentro da sua própria casa, se isso não acontece, como esperar que ele cuide de uma futura sociedade?”, completou a educadora.

A Promotoria da Infância e Juventude do Estado vê a situação com tristeza, já que a banalização do comércio ilícito não fica só entre os jovens. O Ministério Público atua junto com as escolas com a campanha contra a corrupção, onde o foco é reforçar princípios de cidadania na formação das crianças e dos adolescentes. A campanha mostra, sem abordar especificamente a pirataria, que obter vantagem de forma ilícita, mesmo com a “fila” na hora das provas, é uma forma de crescer contra os princípios da moralidade.

O promotor da Infância e Juventude, Alley Escorel, diz ser um problema grave quando os pais têm um discurso de moralidade e uma conduta contraditória. “Quando os pais não têm postura diante de seus discursos, como exigir bom comportamento?”, disse o promotor. Segundo ele, a criança assimila mais a prática do que o discurso. Existem regras para viver em sociedade e a consciência dos princípios morais deve estar junto às crianças. O Ministério Público realiza as campanhas de forma preventiva, difundindo princípios de moralidade e legalidade, construindo a consciência de cidadania já na infância.
Segundo o promotor, a maioria das crianças não imagina que esteja praticando um ato ilícito ou criminoso, quando este ato é repassado pelos pais. “Todos têm responsabilidades sobre a educação das crianças e adolescentes, inclusive o poder público, mas a formação do caráter deve vir principalmente dos pais”, afirmou o promotor.

Preocupado com a educação do filho, Pablo Sebadelhe, 33 anos, professor de inglês, pai de Ike, de 4 anos, compra jogos originais, mas nem sempre. Ele não se preocupa tanto para que o filho entenda o problema hoje, pois ainda é muito pequeno e não tem discernimento para entender as diferenças, mas diz que vai procurar mostrar que não se deve adquirir o produto de forma ilegal, para que o filho tenha a visão de que o pirata é errado. Para Pablo, a família é o maior referencial na boa educação. “Se o garoto tem pais atuantes dando bom exemplo, dificilmente sairá do bom caminho. O problema maior de hoje não é o crime ou a pirataria, é a banalização da família”, disse o professor.

Fonte: http://felipegesteira.com/blog/?p=54



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