domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Mania de dizer Não!!

Esta semana fui forçado a mudar o pequeno David de lugar, pois não parava de implicar com um amigo. Quando o fui fazer dizia não, não e não. Mas afinal que mania é esta de dizer que não?

"Não quero! Não vou! Não faço! Nãooooo! Se essas são as únicas palavras do seu anjinho nos últimos tempos e você não entende porque, de uma hora para outra ele discorda de tudo o que você propõe, saiba que seu filho chegou à fase do não!E por pior que isso pareça, fique feliz! Isso é mais um passo na evolução do seu pequenininho!

Na, na, ni, na, não!
Antes de enlouquecer com todos os nãos que oi seu filhote ande dizendo por aí, você precisa entender que é normal a criança passar por uma fase em que começa a dizer não para tudo.
Segundo a psicóloga Márcia Scartezini, “geralmente esse comportamento de negar e não obedecer aparece com maior intensidade e frequência entre 3 e 4 anos de idade”.
Mas por que as crianças começam a dizer não para tudo? É simples! Isso ocorrer porque o pequenino “entra num processo de desenvolvimento pessoal, social e psicológico e desejam descobrir a si e as coisas, ou seja, ela encontra-se num período de transformação e desenvolvimento. Vale ressaltar que, muitas vezes, a contradição é uma forma que ela encontrou de experimentar seus pais, de medir a certeza do papai e mamãe para saber se as coisas são realmente como, anteriormente, eles lhe tinham dito que eram”, afirma a psicóloga. De modo geral, o pequeno busca na sua liberdade de escolha o progresso pessoal de satisfação, descoberta e conquista. O que significa que está amadurecendo!

Rebeldia ou falta de educação?
Muitos pais interpretam essa fase do NÃO como rebeldia infantil ou falta de educação. Márcia Scartezini ressalta que, de maneira nenhuma devemos confundir o não da criança com rebeldia infantil ou falta de educação. Afinal de contas, a criança está se desenvolvendo e buscando a sabedoria, pois é nesse período que ocorre o início do processo de descobertas.
“Nesta etapa devemos nos esforçar por compreender por um lado a timidez da criança ao ser descoberta tal como ela realmente é e, por outro, o afã da contradição que faz parte desta fase em desenvolvimento, pois a criança está à procura da sua própria satisfação, ou seja, ela busca a satisfação das suas necessidades, está em busca do saber e, neste caso, o saber significa por que tenho que fazer isto ou aquilo se eu não quero?, o que tenho que saber para aí sim obedecer aos meus pais e fazer o que me pedem?, e está, também, a procura do progresso em relação ao seu aprendizado, aí o motivo dos nãos, das perguntas e questionamentos intermináveis”, explica a psicóloga.
A especialista lembra que até a chegada dessa fase, muitas vezes, os pais contradizem os filhos obrigando-os a muitas coisas como, por exemplo, almoçar quando ele queria ficar assistindo o desenho preferido; calçar tênis quando o pequeno desejava colocar chinelos ou mesmo a sentar-se numa cadeira quando o baixinho preferia sentar no chão.
Vendo as coisas dessa maneira, podemos entender que “a fase do NÃO não é rebeldia, nem tampouco tem haver com falta de educação, pois a criança está num processo de desenvolvimento e aprendizado o que não justificaria pensar o contrário”, completa Márcia Scartezini.

Jogo de cintura para lidar com o não
Mas será que uma maneira de os pais lidarem com essa fase? De acordo com a psicóloga, não existe um regra básica. “Acredito que a melhor forma de os pais lidarem com a fase do não seja, em primeiro lugar, entender que é uma fase, apenas um período de transformação e desenvolvimento da criança e que vai passar. Na verdade, o desenvolvimento é contínuo e espera-se que depois desse período de contradição virão outros. E isso é muito mais do que saudável, ou seja, é simplesmente natural do ser humano. É necessário que os pais, de alguma forma, possam motivar a criança aceitar melhor as ordens dadas, para assim cumpri-las”.
Outra forma de lidar com essa situação é os pais tomarem consciência de que o questionamento, a indignação, a contradição ou qualquer outra forma de negação nesta fase é importante para o aperfeiçoamento e para a auto-estima da criança. “Por essa razão, no momento do não o papai e a mamãe deverão deixar de lado o calor da emoção e seguir com firmeza em suas indagações não deixando perturbar-se, surpreender-se ou desconcertar-se, muito pelo contrário, devem sim, uma vez tomada a decisão não deixar que nada dobre a sua vontade, pois, caso aconteça será ruim para os pais, mas muito pior para as crianças que têm que ter nos pais a certeza de que estão acertando e errando na vida, senão os rumos a serem tomados se tornarão comprometidos, haja visto que os pais são o cimento e o alicerce para seus filhotes”, ensina a psicóloga. A dica é simples: pais não percam o controle!
Afinal, a fase do NÃO faz parte do desenvolvimento da personalidade da criança. Este é o momento em que o pequeno busca uma liberdade até então não conquistada. Basta lembrar que até os 3, 4 anos a criança é manipulada para fazer tudo ou qualquer coisa. Tudo é decidido pelos pais, desde a troca das fraldas até a hora de comer, pois ela ainda não pode fazer essas coisas sozinha. Mas, diante de seu desenvolvimento e amadurecimento, conquista essa capacidade e aí sente a necessidade de escolher o que quer ou não!
“Dessa forma, é de suma importância ressaltar que para seu próprio bem e um desenvolvimento saudável, em algumas situações, principalmente naquelas em que os pais avaliam não ter risco, deve-se deixar que o baixinho tomem a liberdade de escolher se querem ou não fazer algo. Assim, a criança eleva sua auto-estima no sentido de mostrar para os pais sua capacidade de poder cumprir uma tarefa sozinho ou simplesmente não cumpri-la por achar que não deve”, ensina Márcia Scartenzini.
Por outro lado a psicóloga alerta que é importante que, quando a criança não obedecer aos pais e esse comportamento acarretar em alguma perda importante, é necessário que os pais mostrem para o pequeno, de forma clara, e sobretudo, de uma forma compreensível que se ela tivesse obedecido, teria sido muito melhor. A razão disso é simples “da próxima vez a criança começa a perceber e sentir maior segurança em si e tem uma melhor compreensão, percepção e constatação de que o que os pais dizem é o melhor que tem a ser feito”.
É importante enxergarmos que muitas vezes os pequenos dizem não porque não entendem o que realmente seus pais querem, ou seja, nessa idade a criança ainda não identifica e interioriza as regras de socialização de conduta e aí não as aceita.
“É extremamente importante e necessário que os pais saibam que nesta fase as palavras são indispensáveis, mas o seu valor é infinitamente inferior à necessidade do exemplo”, salienta Márcia Scartezini.
Portanto, ao dar alguma ordem ao seu filhote, explique porque ele tem que cumprir o que está sendo solicitado. Se for o caso, exemplifique, para que o pequenino possa entender/compreender, cumprir o que foi pedido, diminuindo a angústia da insatisfação dos pais e dele mesmo.

Limites para o não?
É comum o “excesso” de NÃO tirar a paciência dos pais, mas em meio a essa confusão, é possível delegar limites para o pequeno.
Mas antes disso, os pais precisam entender que quando os filhos dizem “não”, estão mostrando que estão se desenvolvendo e que ‘podem’ nos afrontar. Na verdade, essa atitude nos diz que eles têm a opção de não querer obedecer/fazer o que estamos pedindo.
A psicóloga explica que, “geralmente, não sabem ao certo a importância ou o significado exato da ação que deverão cumprir mas entendem que têm a liberdade de não obdecerem a ordem dada”.
É por essa razão que é bem importante os pais terem calma, paciência e entendam que a criança só vai atender ao pedido se constatarem a validade do que lhes foi pedido. “Procure usar exemplos de casos que tenham acontecido e mostre a importância real de seu pedido mas, principalmente, mostre que tudo que faz é e sempre será para o bem dele, dessa forma vai conquistar muito mais que obediência, conquistará o amor, o respeito e admiração de seu pequeno”, ensina a especialista.

É de extrema importância que os pais ajudem seus filhotes a transcender essa fase de desenvolvimento mas, tendo em conta sempre que, tanto a super proteção bem como as atitudes de ignorar/afastar prejudicam o desenvolvimento das crianças. “Tudo tem que ser bem dosado, não há de se dizer amém para tudo aquilo que a criança queira fazer, mas também não deve ser autoritário e tomar atitudes extremas ao ponto de não ouvir o que seu pequeno tem para lhe falar obrigando-o a fazer só o que você quer que ele faça”, finaliza Márcia Scartezini.

Fonte: http://www.dican.com.br/primeirospassos/online.asp?idI=54

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