Durante a semana pudemos assistir a uma palestra sobre Anorexia. É um tema forte pelo que representa, pela brutalidade das imagens e pela impressão que causa ao ouvir cada relato. É realmente uma doença muito complicada. Um sério problema, onde admitir é o primeiro passo e nunca é ultrapassado. A palestra foi muito boa e esclarecedora. As alunas estão de parabens pela forma como planearam a sua apresentação levando à escola uma psicóloga que nos poderia explicar melhor o que é a Anorexia.
Quanto a mim, deixo aqui no Blog um excelente artigo sobre a Anorexia na adolescencia com a qualidade habitual da Sapo Familia. Leiam porque é realmente bom para quem quer conhecer a Anorexia. Para a semana falarei do outro tema da Palestra. A Bulimia.
Anorexia na adolescência
Numa sociedade em que a aparência é muito valorizada, doenças como a Anorexia Nervosa ou Anorexia Mental encontram terreno fértil para a sua germinação
Ainda que as doenças do Comportamento Alimentar tenham aumentado de frequência nos últimos anos, sabe-se que existem desde a Grécia antiga até à história moderna.
A primeira descrição clínica data de1694, mas a sua classificação só é feita mais tarde, no final do século XIX. No nosso país, o último estudo de prevalência revela uma taxa de 0,37%, sendo que nos Açores nenhum caso foi encontrado.
A Anorexia é uma doença do foro psíquico, que afecta sobretudo as adolescentes do sexo feminino, ainda que possa surgir nos dois sexos e em qualquer idade. Inicia-se por uma redução na ingestão de alguns alimentos, porque a jovem considera que são os responsáveis quer pelo seu aumento de peso quer por alguns transtornos digestivos.
Progressivamente as restrições vão sendo alargadas a outros alimentos, ao mesmo tempo que se observam mudanças profundas no comportamento. A adolescente começa a ficar obcecada pela perda de peso e toda a sua vida roda em torno desse objectivo.
Como tudo se desenrola
Numa primeira fase, pode parecer que anda apenas preocupada, demasiado séria ou compenetrada, mas rapidamente se assiste a um afastamento do grupo de amigos e ao isolamento.
Uma característica também muito presente, tem a ver com a atitude obsessiva que é assumida na cozinha em que há uma grande preocupação com questões que se prendem com a limpeza e a arrumação.
Outra questão de extrema importância prende-se com a alteração da imagem corporal, aspecto comum a todas as anorécticas. A imagem reflectida no espelho não é a mesma que a jovem percepciona, pelo que só assim se explica o facto de muitas chegarem a apresentar um aspecto esquelético, mas continuarem a afirmar que se sentem demasiado gordas.
Se a obsessão pela magreza começa por estar associada ao corpo no seu geral, passa depois a estar focalizada em certas partes do corpo. Por exemplo, a anoréctica pode referir que se considera gorda porque a barriga das pernas ainda é notória, ou porque os seios se notam nas t-shirt.
As possíveis causas
Ainda que possamos ser levados a pensar que tudo se deve à tentativa de enquadramento em determinados padrões de beleza mais valorizados pela sociedade, o problema da Anorexia não passa necessariamente por aí, sendo este factor apenas mais um que pode vir a acentuar o problema.
Por este motivo, há alguns anos em Espanha, algumas lojas direccionadas para a camada mais jovem, viram-se obrigadas a alterar a numeração da roupa por forma a não assustar a jovens e conduzi-las a dietas desnecessárias.
É que, para uma adolescente, é dramático perceber que veste medida 40, mesmo que essa medida seja o equivalente a um 36 de outra marca ! Ainda que existam alguns aspectos sobre as origens que ainda são desconhecidos, tudo aponta para que a junção de vários factores conduza à doença.
Características de personalidade como a meticulosidade, sensibilidade excessiva e conformismo, estão frequentemente associadas à Anorexia. Em regra as anorécticas são boas alunas, quer em aproveitamento escolar, quer em comportamento, o que faz com que os pais depositem nelas grandes expectativas e tendam a exigir bastante.
Esta rigidez vem dificultar a autonomia da jovem “obrigando-a” a criar regras para si própria, fugindo aos padrões criados pelos pais. A Anorexia seria então uma forma inconsciente de fugir ás regras parentais.
Por sua vez, a genética é também apontada como factor desencadeante. Constata-se que filhos ou familiares próximos de alguém que sofreu de Anorexia, têm maior predisposição para desencadearem a doença.
Dado que a Anorexia é muito mais comum na adolescência, a psicanálise destaca a sexualidade, como um dos factores mais importantes da sua génese.
A menina anoréctica recusa as transformações que a conduzem a um corpo de mulher, rejeitando a sexualidade e anulando as formas eróticas. Certo é que a Anorexia leva a que a jovem deixe de ser menstruada e que o seu corpo não progrida para o estado adulto.
É preciso procurar ajuda
Muitas vezes os pais levam algum tempo a aperceberem-se do que se está a passar, até porque a jovem mantém as aparências e não se mostra cansada, chegando até a intensificar as actividades físicas.
Pode acontecer que use laxantes e diuréticos, ou iluda a família dizendo que já comeu na escola ou que está sem apetite porque se antecipou ao jantar.
Perante a notória perda de peso, os pais tentam tomar as rédeas da situação mas encontram uma grande resistência. As discussões sucedem-se, levando a ameaças e tentativas de suborno. No entanto nenhuma destas estratégias dá resultado e torna-se necessário e urgente recorrer a um especialista.
Como em regra a anoréctica não tem consciência do seu estado debilitado, cabe à família a difícil tarefa de a convencer a procurar e a aceitar a ajuda. Importante é salientar que a Anorexia é um quadro grave que não sendo detectado a tempo e convenientemente tratado pode conduzir à morte.
O tratamento da Anorexia é longo e implica que exista uma relação de profunda confiança entre a doente e o médico, pois só assim haverá uma evolução do tratamento.
A intervenção tem de ser adaptada a cada caso e poderá incluir uma terapia individual, familiar ou de grupo. Paralelamente, existe necessidade de um aconselhamento Nutricional e de medicação. Tudo isto pressupõe muitas vezes que haja um internamento
0 comentários:
Postar um comentário