A Obesidade Infantil
Com a chegada do Verão e das férias as crianças vão estar menos tempo debaixo da vigilância cuidada dos educadores e auxiliares. Por outro lado, podem estar perto dos seus pais com uma maior frequencia. O tempo para se fazer o que se gosta também aumenta. E muitas crianças gostam de ... Comer!!! Pois é. Apesar do aspecto exterior contribuir muito para a sociedade actual, ser obeso significa poder vir a ter graves problemas de saúde. Muitas pessoas pensam que é cedo para as crianças se preocuparem com tal assunto. Mas a verdade é que não. É de pequenino que se ganham certos hábitos e o hábito de comer bem é um dos mais importantes e mais preciosos na infância. Deixo-vos então com o exelente artigo sobre este tema, da Sapo Família, onde podem e devem seguir alguns concelhos a ainda pensar um pouco sobre este assunto e a importância de uma alimentação mais saudável.
Gordura NÃO é formosura!
Nem nas crianças: o papel do jardim-de-infância
Quantas vezes ouvimos: “Que lindo, tão gorduchinho, que boas bochechas, está mesmo bom” quando alguém se refere a um bebé ou criança “gorduchinho”. Ou então: “É muito gordinho, sempre foi, mas gosta tanto de comer. Quando crescer tem tempo para se preocupar com isso do peso!...?
A Mariana andava no infantário, na sala dos 4 anos e, tal como muitas outras meninas, adorava brincar às bonecas e pintar. Não gostava de correr nem de brincar no escorrega porque, segundo ela “eles dizem que vou partir o escorrega e também não consigo apanhar ninguém [no jogo da apanhada].
A Mariana passava, então, o intervalo a falar com educadoras e auxiliares e a brincar com os mais pequeninos. A Mariana pesava 47Kg e a média dos outros meninos da sala pouco passava dos 20. Tal como a Mariana há muitos meninos e meninas obesas e com excesso de peso.
Segundo dados da Plataforma de luta contra a obesidade, em Portugal estima-se que 30% das crianças têm excesso de peso e 10% já apresenta obesidade. Estes são, sem dúvida, dados alarmantes sabendo que uma criança obesa será muito provavelmente um adulto obeso e sabendo todo o leque de doenças que estão associadas ao excesso de peso e obesidade, como por exemplo doenças cardiovasculares, diabetes e alguns tipos de cancro.
Mas as consequências negativas para a saúde não se manifestam apenas no adulto. Hoje em dia, já há crianças diabéticas devido a uma má alimentação, há crianças com perturbações a nível ósseo-articular, mas, talvez a consequência mais evidente seja a redução na autoestima. Sabemos que os “gordinhos” são gozados na escola, e provavelmente as “gordinhas” com consequências ainda mais negativas ao chegar à adolescência.
O que fazer, então?
Todos, pais, avós, educadores, profissionais de saúde, temos um papel determinante na saúde das nossas crianças, passando pela sua alimentação e aprendizagem de estilos de vida saudáveis. Precisamos todos de “afinar a voz” e em coro procurar transmitir hábitos saudáveis, que passam por uma correcta alimentação e pela actividade física.
Toda a gente combate o tabagismo hoje em dia. Não há nenhum adulto que diga a uma criança que fumar faz bem… Então porque é que no que diz respeito à obesidade a mensagem não passa sempre de forma correcta? Voltando à Mariana… ao lanche podia comer “um pacote de bolachas inteiro, dos grandes, juntamente com o leite achocolatado”.
“E tem de ser das que têm chocolate por dentro porque das outras ela não gosta”. No infantário repetia o prato e levava lanche extra de casa, porque “podia ter fome”. A escola, por ser um local privilegiado de transferência de conhecimentos e de hábitos saudáveis, tem um papel essencial na educação alimentar.
A aquisição de hábitos alimentares saudáveis começa quando a criança começa a comer, pelos 6 meses, quando se inicia a diversificação alimentar, em que se experimentam novos sabores e novas texturas! Depois passa-se a comer da comida dos pais e também da comida do infantário e facilmente se apercebe do que os outros comem e também quer experimentar!
Surge, em seguida, a agressiva pressão da sociedade, pela publicidade e pelos modelos sociais. Importa que a educação alimentar se inicie no infantário, o mais precocemente possível! Todos os infantários e creches devem ter muito bem delineada uma estratégia de educação alimentar, que deve passar pelo combate à obesidade, considerada a Epidemia do século XXI.
Esta deve ser acompanhada por um incentivo à actividade física. O Exercício físico pode ocorrer de duas formas: - “não organizada”, mais espontânea, como por exemplo brincar à apanhada ou às escondidas, actividades que provavelmente muitas crianças de hoje já desconhecem; - “organizada” com aulas de ginástica, natação ou outro desporto adequado à idade da criança.
No infantário deve optar-se sempre por transmitir de forma divertida a educação alimentar: fazer jogos, dança, cantigas, teatro, fantoches e jogos de exterior. É imprescindível que tanto educadores de infância como auxiliares passem a mensagem de forma correcta.
Para tal, é essencial que os profissionais compreendam a relação entre a educação alimentar precoce e a saúde e que possuam formação adequada nas temáticas da educação alimentar e promoção de estilos de vida saudáveis. A formação dos educadores e auxiliares deve contemplar o que é uma alimentação saudável e, não menos importante, a educação do gosto.
Na formação é também importante fornecer algumas estratégias para jogos e actividades que possam ser realizadas com as crianças e incentivar os profissionais a criar novos jogos. Mas de nada serve ensinar a comer se a oferta alimentar do jardim-de-infância não for a adequada.
É importante que se invista num dia alimentar bem estruturado, com refeições frequentes e equilibradas, oferecendo à criança alternativas agradáveis. Não vamos deixar as “Marianas” deste país entrar no ciclo vicioso de comer muito, ficar obeso, não fazer exercício, auto-excluir-se, e aumentar mais de peso …!
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