sábado, 12 de dezembro de 2009

10º Dia de Estágio - 11/12/09


Aproxima-se as férias de Natal. No fundo aproxima-se cada vez mais o próprio dia. A Gotinha de água está repleta de presépios, árvores de natal e luzinhas que piscam. Cheguei por volta das 9:00, como é habitual. Vesti a minha bata e sentei-me no átrio com as crianças e as auxiliares esperando a chegada do educador da minha sala. Assim que chegou levámos as crianças para a sala e comecei junto com uma auxiliar a arrumar a mesma. Estava aberta a caminhada até aos cestos dos brinquedos. Num ápice, o chão ficou repleto de carrinhos, monstros, dinossauros, princesas, legos e mais de mil e um brinquedos. Mas bastava apenas um para que o imaginário das minhas tartarugas se soltasse. Brinquei com elas e entreti-as até o educador mandar arrumar. A actividade do dia consistia em pintar um presépio. As actividades de pintura podem parecer fáceis, mas são muito difíceis de coordenar sob pena de em pouco tempo termos o menino jesus completamente amarelo envolvido por uma vaca amarela e um burro azul. Assim o meu trabalho passava pela ajuda na escolha de cores e pela coordenanação dos movimentos e espaços a pintar. Nem todas foram fazer esta actividade. Umas iam para a casinha das bonecas enquanto outras ficavam-se pelo desejo de ir, caminhando até à plasticina, sob o olhar do educador que dizia claramente - Não podes escolher sempre a mesma brincadeira. À medida que se despachavam, as crianças sentavam-se no tapete de acolhimento esperando pelos amigos mais atrasados. A auxiliar da sala entretia-os com música enquanto eu terminava de ajudar o pequeno Ruben. Assim que este acabou, bem como as músicas, formaram um comboio e foram para o exterior. Reparei que as barras e o escorrega estava um pouco molhados, sendo que seria melhor as tartarugas não andarem lá sob pena de se magoarem. Depois de alguma brincadeiras, reuniram-se de novo para fazer a higiene e necessidades e seguidamente ir almoçar. Esta hora foi muito agitada pois o almoço não chegou todo ao mesmo tempo. Assim enquanto umas crianças comiam, outras aproveitavam para distrair os amigos, falarem, portarem-se mal ou perguntarem quando chegava a comida. Chegou rapidamente e todos comeram com mais ou menos esforço. Todos menos o Rafael. Este menino, é uma criança muito calma e apresenta por vezes um certo conformismo em relação às indicações de educadores e auxiliares. Começou como em outras semanas a puxar o vómito, sendo que desta vez o educador prontamente o retirou da mesa colocando-o de castigo. Voltou à mesa, depois de os amigos já terem almoçado e estarem preparados para a hora da sesta. Mas não comeu mais nada, além da sopa e mesmo assim foi com muito esforço. Ajudei a levantar as mesas e a arrumar o que fosse necessário. Fiquei no infantário na hora de almoço. Aproveitei para coordenar a sesta e conversar um pouco com a auxiliar de sala. O pequeno Ruben não dormia de forma alguma por muito que o obrigássemos a tal. É muito irrequieto e ainda para mais está agora a começar a dormir sem chupeta. Enquanto coordenava os sonos e falava com a auxiliar, lá estava o Rafael sentado à mesa, ainda com o prato à frente. Incrível. Ainda para mais se tivermos em conta que assim permaneceu até à hora do lanche. O Educador chegou e disse-lhe que não iria brincar com os amigos ao exterior e que quando o pai chegasse, lhe iria contar que o menino apenas tinha comido uma sopa. O pequeno Rafael chorou cerca de cinco minutos. Depois conformou-se. Achei isto absolutamente impressionante. Já nem fazia esforço para comer porque sabia qual o castigo que ia levar. O Educador tirou-lhe o prato da frente e perguntou se queria a sobremesa. Rafael disse que não, como que sabendo que o educador não lhe iria dar, visto que também não comeu o prato principal. A hora da sesta passou e seguiu-se o ritual das Sextas Feiras. Levantar, calçar os sapatos, virar o colchão, retirar os lençóis, ir à casa de banho, trazer a mochila pois é dia de levar os lençóis para casa e sentar à mesa a lanchar. Tudo isto é feito com a minha ajuda, mas sempre tentando que as crianças tenham a sua própria autonomia. Não se pode dizer que não se sabe tirar os lençóis se ainda nem sequer se tentou a virar o colchão. Na hora do lanche as crianças comeram bastante rápido tirando um ou outro caso, visto que não gostava muito do doce de morango. O pequeno Rafael lá lanchou a muito custo, mas o castigo manteve-se. à medida que iam acabando vestiam os casacos e esperavam no átrio para ir à rua. Eu ia ajudando a limpar a sala e depois fui também para o exterior vigiar as brincadeiras das minhas tartarugas. Aqui tento estar com o máximo de atenção, mas sempre brincando com todas as crianças que me começam a ver como mais um membro que faz parte da instituição. É muito bom. O melhor sinal disso, foi um momento que aconteceu logo no inicio do dia quando a mãe da pequena Andreia lhe deu o dinheiro necessário para uma qualquer situação que eu ainda desconhecia e lhe disse para ir entregar. A pequena Andreia dirigiu-se a mim e entregou. Foi algo de espectacular. Sentimos que fazemos parte de algo. O recreio passava e o frio chegava. Agora sempre que começa a arrefecer as crianças vão para dentro. Desta vez foram ver o "Polar Express", um filme de Natal muito giro. Eu fiquei mais um pouco. Ajudei a colocar o filme para verem, comprei uma vela onde dinheiro remete para as cáritas e segui o meu caminho. O meu dia tinha chegado ao fim. Para a semana é o ultimo dia antes das férias de Natal, sendo que já estou convidado para a Festa de Natal que irá ocorrer na instituição. Assim sendo, despedi-me de todos e saí com o sentimento que foi um dia trabalhoso mas muito recompensador a vários níveis.

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