Hoje assinala-se o Dia Mundial contra a Sida. Esta doença causada pelo vírus HIV afecta adultos e crianças por todo o mundo. Sucedem-se associações, campanhas e ajudas vindas de todo o planeta de modo a reduzir o sofrimento de quem foi infectado. Contudo falar com as crianças sobre a Sida pode não ser fácil. Veja agora qual a melhor abordagem a utilizar.
Falar com as Crianças sobre a Sida
As crianças ouvem falar de SIDA constantemente, quer na televisão, ráfio, ou mesmo em cartazes informativos. É comum. E é comum também que surjam perguntas, dúvidas e questões que devem ser respondidas em função da idade da criança.
O que os adultos devem saber antes de iniciar qualquer conversa
A SIDA é um síndroma que podemos tentar prevenir.
É, pois, muito importante que pais, professores e profissionais que trabalham na área da Educação proporcionem aos jovens com os quais lidam informação clara e rigorosa.
Infelizmente, os adolescentes e os adultos jovens são os grupos entre os quais o número de doentes tem crescido mais rapidamente, o que faz deles um público que urge informar.
Eis alguns factos elementares sobre a SIDA:
- Qualquer pessoa pode contrair SIDA; independentemente da sua orientação sexual, qualquer pessoa que manifeste comportamentos de alto risco tem uma maior probabilidade de ser infectado pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH).
- Não se apanha SIDA em situações quotidianas de contacto com outras pessoas: seja no trabalho, na escola, na piscina ou no jardim, entre outros.
- O VIH não se transmite através da urina, da saliva, do suor, de lágrimas, de picadas de insecto, de auscultadores de telefone ou de instalações sanitárias.
- O VIH transmite-se através do sangue, do sémen, dos fluidos vaginais e entre mãe e feto durante a gravidez.
- Na prevenção da transmissão do VIH aquando das relações sexuais, o preservativo é o método mais eficaz (desde que correctamente utilizado), mas não é infalível.
- A SIDA é uma doença fatal.
Comportamentos de alto risco, que implicam uma maior probabilidade de contaminação pelo VIH:
- Ter relações sexuais (sobretudo sem protecção/preservativo) com desconhecidos ou com pessoas que tiveram muitos parceiros, não sendo possível afirmar com certeza se estes seriam ou não portadores da doença.
- Ter relações sexuais sem preservativo com uma pessoa portadora da doença.
- Ter relações sexuais com um pessoa que consuma drogas injectáveis.
- Partilhar agulhas e/ou seringas.
Falar com as crianças sobre este tema
As crianças encaram a questão da SIDA de forma diferenciada, em função da idade/desenvolvimento. Seguidamente são propostas algumas abordagens, definidas em função da idade das crianças. No entanto, deixamos ao critério de quem lê este artigo qual a melhor opção para cada caso.
Entre os cinco e os sete anos
Apesar de as crianças até aos cinco anos apresentarem algumas dificuldades em distinguir o real do imaginário, a partir dessa idade essa distinção começa a tomar forma. Nesta fase, as crianças aprendem experimentando, pelo que, quando confrontadas com algo que não conhecem e/ou experimentaram, podem sentir-se assustadas.
As crianças nesta faixa etária temem muitas coisas e a melhor maneira de dissipar esses medos é descobrir quais são (perguntando) e falar sobre eles. Uma vez que a SIDA é um tema recorrente na actualidade e nos media, é possível que a criança já tenha dúvidas sobre este tema mas que tenha medo de perguntar.
Embora não estejam preparadas para compreender descrições muito pormenorizadas, é importante que estas crianças obtenham do adulto uma explicação simples e esclarecedora.
Eis um exemplo possível:
A SIDA é uma doença provocada por um tipo de micróbio chamado vírus. O vírus vive no sangue das pessoas que têm a doença. A SIDA não se apanha como as constipações; por isso, se tocares ou se estiveres ao pé de uma pessoa que tenha SIDA não apanhas a doença. Ou seja, se na tua escola houver um menino, menina ou professor(a) com SIDA, isso não quer dizer que alguém vá apanhar a doença. A doença não é transmitida por: mosquitos, flores, assentos de sanita, copos, abraços.
Existem crianças que têm SIDA. A maior parte delas nasceu com a doença, que lhes foi transmitida pela mãe. Actualmente existem testes que permitem saber se uma pessoa tem SIDA. Quando as pessoas sabem que têm a doença podem tomar medidas para evitar contaminar outras pessoas.
Não se esqueça de frisar que se a criança tiver perguntas ou medo de alguma coisa em particular, pode vir ter consigo e perguntar o que quiser saber. É importante falar sobre os medos, descobrir se estes são reais ou imaginários e, se forem reais, "explicá-los" de forma a encontrar uma forma de os vencer.
É quase inevitável que as crianças façam perguntas às quais não sabe responder. É normal; a SIDA é um tema complexo, mesmo para os especialistas na matéria. Colocado perante essa situação, não tema dizer que não tem a certeza quanto à resposta mas que vai procurar informação e, mais tarde, responder correctamente à pergunta colocada. Experimente pesquisar nos links que disponibilizamos no final deste artigo.
Entre os oito e os dez anos
Entre os oito e os dez anos as crianças deixam de ter medo de "monstros". Nesta fase elas têm medo de coisas reais, como "pessoas más" que lhes possam fazer mal. Estas crianças já compreendem a relação causa-efeito; ou seja, se atravessarem (mesmo que seja numa passadeira) sem olhar poderão ser vítimas num acidente. A maior parte das crianças desta faixa etária sabem que a morte advém de uma situação de doença, trauma ou acidente. Mas o conhecimento não é necessariamente sinónimo de ausência de medo, sendo que, nestas idades, falam menos espontaneamente sobre aquilo que temem. É importante estar atento e esperar uma boa oportunidade para falar sobre o tema (SIDA) sem que a criança fique contrariada/perturbada. Terá de o fazer numa ocasião em que ela se mostre receptiva.
Não são muitas as crianças destas idades que terão ouvido falar sobre SIDA de uma forma específica. No entanto, são mais uma vez os media que trazem este assunto para a ordem do dia e "obrigam" os adultos a iniciar duas "daquelas conversas": uma, básica, sobre sexo e outra sobre SIDA.
Eis alguns tópicos no que toca à segunda:
A SIDA é uma doença provocada por um vírus. SIDA é um acrónimo para Síndroma de Imunodeficiência Adquirida. Este nome grande é também uma forma de descrever rapidamente os efeitos da doença: o "exército" de células que deveriam defender o nosso organismo contra os micróbios invasores não funciona bem. Isto sucede porque o vírus da SIDA destrói células que nos protegem da doença - por isso, as pessoas com SIDA ficam desprotegidas e acabam por ficar muito doentes.
Quando uma pessoa faz um teste e esse teste informa que o vírus está no seu corpo diz-se que essa pessoa é seropositiva. As pessoas seropositivas não estão doentes: têm o vírus mas este não começou a actuar. No entanto, o vírus pode começar a actuar e, quando isso acontece, passa a dizer-se que essa pessoa tem SIDA.
As pessoas estão muito preocupadas com a SIDA porque ainda não foi encontrada uma cura para esta doença. Não existe uma vacina que se possa tomar para evitar a doença como acontece, por exemplo, com o sarampo.
A SIDA pode ser transmitida pelo sangue de uma pessoa infectada (exemplo: contacto entre feridas abertas ou durante o nascimento de um bebé), por agulhas e/ou seringas partilhadas com uma pessoa que tenha o vírus e em relações sexuais com pessoas que tenham o vírus.
A SIDA não se transmite: através da urina, das fezes, de suor, de mosquitos ou de outros animais. Também não há contágio se abraçarmos uma pessoa que tenha o vírus, comermos do mesmo prato ou bebermos do mesmo copo de vidro que essa pessoa, se andarmos na mesma turma ou escola.
Que cuidados se devem ter com crianças com sida?
As crianças e os jovens infectados pelo VIH ou com sida, embora possam necessitar de cuidados específicos devido à doença, necessitam, sobretudo, de serem amados, como qualquer outra criança ou jovem.
É fundamental que a família, em especial, lhes dê todo o carinho e apoio. Abracem-nos, peguem-lhes ao colo, beijem-nos, levem-nos à escola, enfim, façam tudo para que as crianças e os jovens se sintam integrados no meio familiar e social.
No entanto, há situações que merecem especial atenção:
- É importante estar atento ao estado de saúde e ao comportamento da criança. Se verificar alguma situação fora da rotina deverá avisar o médico;
- É fundamental dedicar especial atenção aos problemas respiratórios, febre, diarreia ou alterações do sono e do apetite. Esclareça os sinais de alarme com o médico assistente;
- Converse com o profissional de saúde antes da criança fazer qualquer vacina, uma vez que algumas vacinas podem provocar sinais de doença;
- É preferível optar por brinquedos de plástico e laváveis. Bonecos de pano ou peluche sujam-se facilmente e podem transportar germes que provocam doenças. Caso a criança brinque com este tipo de bonecos, deve lavá-los na máquina, de modo a mantê-los o mais limpos possível;
- Não deixe a criança aproximar-se do cesto, cobertor ou jornal onde costuma estar o animal de estimação;
- No caso da criança conviver com animais de estimação (cães, gatos, pássaros, etc.), pergunte ao médico como proceder;
- Proteja a criança ao máximo, evitando o contacto com doenças infecciosas, especialmente a varicela. Se a criança com VIH esteve próximo de alguém com varicela, contacte imediatamente o seu médico. A varicela pode agravar o estado da criança infectada;
- Se a criança se arranhar, cortar ou fizer uma ferida, lave a pele com água quente e sabão e coloque, imediatamente, um penso ou ligadura em função da dimensão da ferida.
O dia que se assinala hoje é bastante importante, por isso mesmo, deixo-vos com algumas noticias alusivas a Reportagens, iniciativas e Noticias que demonstram bem a problemática da Sida:
Eu e os Meus Irmãos - Grande Reportagem Sic - As histórias de luta e sobrevivência dos "órfãos de SIDA"
A Associação Sol queixa-se de falta de espaço devido ao número de crianças infectadas com o Vírus HIV. Na casa da associação vivem 21 crianças, quase o dobro das que estavam inicialmente previstas.
A Fundação Red, de Bono, vocalista dos U2, associou-se este ano à Nike na luta contra a propagação do virus HIV, em África. A parceria foi lançada em Londres com o apoio de vários jogadores do futebol.
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